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sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Quatro pedreiras foram interditadas no norte do Espírito Santo nesta quinta-feira (12) durante a Operação Quartzo, realizada pela Superintendência Regional do Trabalho, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Estadual e Polícia Rodoviária Federal. O resultado parcial da operação foi divulgado nesta sexta-feira (13).

As pedreiras, onde são realizadas as extrações de granito, apresentam irregularidades como falta de autorização para funcionamento e falta de licenciamento ambiental, além de condições inadequadas de segurança para os trabalhadores.

Ao todo 11 pedreiras foram fiscalizadas nos municípios de Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Nova Venécia e Ecoporanga. Entre as pedreiras vistoriadas, uma já estava interditada e mesmo assim continuava em funcionamento. O proprietário responderá criminalmente, mas ninguém foi preso durante esta operação.

Acidentes

A extração mineral está no alvo dos órgãos fiscalizadores também devido ao número de acidentes envolvendo trabalhadores. O superintendente substituto da Superintendência Regional do Trabalho, Alcimar Candeias, informou que, anualmente,15 pessoas morrem devido a incidentes como esse, além dos riscos à saúde provocados pela atividade de extração.

Ainda de acordo com Candeias, em 2010, somente na região sul do Estado - polo produtor de mármore e granito - sete pessoas morreram vítimas de acidentes de trabalho nas lavras.

"Esses processos rudimentares de exploração têm levado a óbitos de trabalhadores capixabas, desde a queda de trabalhadores à queda de chapas e a doenças ocupacionais elevadas pela inalação da sílica", disse o superintende.

A Operação Quartzo continua nesta sexta-feira e deve fiscalizar ainda outras nove empresas do Norte do Espírito Santo. A procuradora-chefe do Ministério Público do Trabalho, Daniele Santa Catarina, diz que até os explosivos utilizados na extração mineral são utilizados inadequadamente.

"É muito comum encontrar trabalhadores sem equipamentos de proteção individual. Há também risco de queda de pedras que podem atingir o trabalhador, bem como utilização de explosivos sem a mínima segurança".

O risco ambiental é outro agravante nas extrações irregulares. A promotora de Justiça do Ministério Público Estadual, Isabela Cordeiro, explica que, sem a adoção de um plano de controle ambiental, para recompor o dano causado, a extração ocorre de maneira aleatória. As pedreiras que não têm licenciamento ambiental são acionadas criminalmente e devem adotar um Termo de Ajustamento de Conduta. A autuação é feita pela Polícia Militar Ambiental.

A operação Quartzo ocorreu um dia após a deflagração da Operação Carga Pesada, que fiscalizou o transporte de pedras de granito no Espírito Santo e apreendeu 23 caminhões.

Pulmão de pedra

Uma das doenças causadas pela extração se não adotados procedimentos de segurança é a pneumoconiose, também chamada de "pulmão de pedra". Ela ocorre devido à inalação de sílica, um componente mineral presente no granito. A doença evolui lentamente. Os sintomas apenas costumam surgir ao fim de cerca de 15 a 20 anos de exposição constante.

Os mais frequentes são a tosse, por vezes com vestígios de sangue. Paralelamente, o paciente manifesta uma sensação de falta de ar e dificuldade em respirar. Ao longo da evolução da doença também se podem manifestar várias complicações, como a insuficiência cardíaca, pneumonias e tuberculose.

FONTE: GazetaOnline

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